Mulher consegue escrever, mas não consegue ler

Em uma manhã a professora de 40 anos do jardim de infância, identificada pelos médicos que estudam seu caso apenas como M.P., não conseguia ler o jornal que estava a sua frente, intrigada ela passou a olhar o seu plano de aulas e a mesma coisa aconteceu, ela não conseguia identificar nenhuma palavra.

M.P. não sabia, mas ela havia acabado de ter um derrame. Seus médicos, que publicaram um estudo sobre o caso no jornal científico Neurology, descobriram que este derrame cortou a comunicação da “zona da linguagem” de seu cérebro com o seu córtex visual. Porém, suas outras entradas sensoriais continuavam conectadas, por isso ela ainda conseguia entender a linguagem falada e escrever normalmente.

Além disso, M.P. ainda tinha reações emocionais a palavras escritas mesmo sem saber o que elas significavam. Quando os médicos mostravam a palavra “sobremesa” ela dizia que gostava disso, mas ela teve uma reação bem diferente quando mostraram a palavra “aspargos”, dizendo: “tem algo de errado com essa palavra, não gosto dela”.

A mãe da paciente cita um acontecimento interessante. Certo dia M.P. pegou duas cartas e rapidamente quase sem pensar deu uma carta para sua mãe, ficou com a outra e disse: “Essa é da sua amiga, essa daqui é da minha”. Quando perguntada de quem eram as cartas, ela não soube dizer, mas foi a resposta emocional que ela teve ao ver os nomes que serviu de pista para separar as cartas.

Pouco tempo depois do derrame, a paciente conseguiu elaborar um método para voltar a ler e superar o problema causado pelo derrame. Ao ver uma palavra, M.P. aponta a primeira letra e começa a contar todo o alfabeto até que ela reconheça a letra apontada. Após 12 letras ela declara: “Essa é a letra M”, após fazer isso mais duas vez para as próximas letras ela tenta adivinhar: “A palavra é mãe”.

O derrame de M.P. aconteceu em 2012, desde então ela teve que parar de dar aulas, mas já está planejando escrever um livro sobre seu caso e reverter parte dos lucro para a pesquisa de casos de derrame.

Revista Novo Perfil Online

Fonte: Discovery

Por Alexandre Ottoni e Deive Pazos