Paraíba notifica 404 casos de esporotricose em humanos e doença é considerada epidemia

Ontem, uma reunião coordenada pela 49ª promotora de Justiça de João Pessoa, Jovana Maria Silva Tabosa, e representantes das secretarias de Saúde do Município e do Estado, do Hospital Universitário Lauro Wanderley, do Conselho Regional de Medicina Veterinária, além de pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba, da Fiocruz e do Ministério Público Federal, definiu que serão reforçadas as ações de divulgação de informações, o trabalho de prevenção e combate à esporotricose.
Cada órgão, como secretarias de saúde e Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), que atende casos de esporotricose humana no Estado, deve cumprir as ações sob sua responsabilidade no enfrentamento à doença. Também é importante a interlocução dos órgãos com os profissionais de saúde e com a sociedade para esclarecer sobre a doença, que, mesmo sendo nova, já é tratada como epidemia, sendo sua notificação compulsória, no Estado.
Representantes do hospital e da Secretaria de Saúde de João Pessoa informaram que tem havido entraves no Ministério da Saúde para dispensação do Itraconazol (medicamento usado para tratar humanos) e apresentaram um fluxo de atendimento e tratamento de pacientes, como também para obter a medicação junto ao MS e proceder a formalização da notificação dos casos. Foi criada uma ficha específica para notificação e o serviço de saúde se comprometeu em informar os dados pelo sistema FormSUS, nos próximos dias.
Subnotificação – A gerente executiva de Vigilância e Saúde, Talita Tavares, explicou que o agravo passou a ser de notificação compulsória em 2018 e que, desde agosto do mesmo ano, os profissionais de saúde devem notificar o caso preenchendo a Ficha de Notificação / Investigação disponível online pelo FormSus. “Temos um agravo novo, que precisa ser melhor trabalhado. Não temos os dados de 2018 e nem as análises em sistema, pois os formulários não foram preenchidos. É oficial que temos um FormSus vigente, com solicitação de dados necessários para que o Estado possa ter a magnitude do agravo e assim um fluxo de informações. Se a notificação não chega, não temos como dar suporte aos municípios”, pontuou.
O coordenador do Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Hospital Universitário Lauro Wnaderley, Clodoaldo Silveira Costa, contou que a recuperação das informações referentes a 2018 já foi feita e que agora o núcleo está trabalhando na alimentação do sistema. “Precisávamos de um tempo para fazer isso. Agora podemos passar para o passo seguinte e cumprir essa recomendação do Ministério Público”.
Cuidados com os animais
O grupo de trabalho e acompanhamento da esporotricose destacou, ainda, a importância do envolvimento da sociedade no enfrentamento da doença em animais e no meio ambiente.
A transmissão da doença ocorre de animais para o homem ou do meio ambiente para o homem. Mas o animal, principalmente o gato, é tão vítima quanto o humano, porque o fungo está no meio ambiente.
A médica veterinária, Suely Ruth Silva, informou que nem todo animal doente que arranha ou morde uma pessoa, necessariamente, passa a doença para ela. Ela lembrou que os felinos têm uma deficiência imunologia e hábitos que fazem com que estejam mais vulneráveis ao fungo (esporos). Ela também explicou que não há transmissão entre humanos, que pegam a doença por meio de uma porta de entrada às vezes microscópica (furada, arranhão) em contato com o fungo presente em lesões de animais ou no meio ambiente.
Eutanásia, esterilização e incineração
De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária, todos os profissionais inscritos no CRMV foram informados sobre a necessidade de que seja feita a esterilização de todos os animais doentes, bem como a incineração dos bichos mortos com suspeita da doença. As carcaças, de maneira alguma, podem ser enterradas (como alguns donos de animais estão fazendo), para que não haja a proliferação dos fungos.
O Centro de Zoonoses de João Pessoa está realizando a esterilização de animais, como uma medida para evitar o aumento da população e o abandono. Nos casos de animais doentes sem condição de tratamento, é feita a eutanásia e a incineração das carcaças.
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