Protestos contra Bolsonaro reúnem milhares nas ruas em todas as capitais do Brasil
Protestos contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reuniram milhares de manifestantes em várias cidades do país neste sábado (29). Houve atos em todas as 27 capitais brasileiras, com grandes concentrações no Recife, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Liderados por centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda, as manifestações foram alvo de críticas por acontecerem presencialmente em meio à pandemia da Covid-19, num momento em que o país ultrapassa 450 mil mortes pela doença –e cerca de 2.000 em 24 horas. Pelo menos nove capitais, além do Distrito Federal, têm ocupação acima de 90% dos leitos de UTI.
A recomendação para a utilização de máscaras teve ampla adesão de manifestantes, mas houve aglomerações em diversos locais, em descumprimento às regras de distanciamento social sugeridas por especialistas para conter a disseminação da Covid-19.
No Recife, a manifestação foi encerrada com bombas de gás lacrimogênio, tiros de balas de borracha e correria, após ação da tropa de choque da Polícia Militar.
Os organizadores dizem que houve atos em em ao menos 213 cidades do Brasil e 14 do exterior, com cerca de 420 mil pessoas.
Num dia em que foi alvo de protestos, o presidente Jair Bolsonaro postou no Twitter uma foto segurando uma camiseta com a mensagem “imorrível, imbroxável e incomível”. A publicação foi compartilhada por apoiadores, como o
Movimento Brasil Forte e Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares.
Em São Paulo, o protesto começou às 16h na avenida Paulista, que foi bloqueada em frente ao Masp –os organizadores estimaram 80 mil pessoas presentes.
A manifestação paulistana contou com a presença do pré-candidato do PSOL ao Governo de São Paulo, Guilherme Boulos. Ao chegar ao evento, o líder partidário, que também é um dos coordenadores da frente Povo sem Medo, disse que “derrotar o Bolsonaro é uma questão de saúde pública”.
Indagado sobre o fato de o protesto ser realizado em meio à pandemia de Covid-19, Boulos afirmou:
“Se você olhar em volta, vai ver todas as pessoas de máscara. Não há nenhum tipo de comparação entre essa manifestação e aquelas promovidas pelo Bolsonaro, baseadas no negacionismo”. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também participou do protesto.
No Recife, após ação da tropa de choque da Polícia Militar. A vereadora Liana Cirne (PT) foi atacada com gás de pimenta ao tentar negociar com policiais que estavam em uma viatura.
Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, a mobilização nacional deste sábado foi feita pensando em desgastar Bolsonaro e incentivar a CPI da Covid, enquanto o impeachment é visto como algo ainda distante. Líderes ligados à organização, porém, enxergam os atos como um impulso.
O dilema entre o discurso pró-isolamento social e o incentivo a aglomerações resultou em diferentes níveis de participação. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) não convocaram seus integrantes institucionalmente, embora não impeçam a ida.
PT, PSOL, PC do B, PCB, PCO e UP declararam apoio à iniciativa e dispararam chamados para os militantes, mas ressaltaram que a organização é de responsabilidade de frentes Povo sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos (que congregam dezenas de entidades).
Mesmo entre os partidos que endossaram a iniciativa não houve unanimidade. Em estados como a Bahia, por exemplo, o PT do governador Rui Costa incentivou a realização de atos virtuais.
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