PF faz buscas em casa de morador de Brasília suspeito de hackear perfil de Janja
A Polícia Federal (PF) apreendeu na manhã desta quinta-feira (14) equipamentos na casa de um rapaz de 17 anos que mora em Sobradinho, região administrativa do Distrito Federal, acusado de participar da invasão à conta do X (ex-Twitter) da primeira-dama Janja Lula da Silva, em que foram publicadas mensagens de ódio e misoginia.
A casa do padrasto e da mãe do rapaz, em Santa Maria, outra cidade-satélite de Brasília, também foi alvo de buscas. Os mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do qual é presidente.
O jovem, que será ouvido formalmente na Superintendência da PF de Brasília ainda nesta quinta-feira, admitiu a autoria do hackeamento ao ser abordado pelos federais em casa. Ele disse que teve como comparsa João Vítor Corrêa Ferreira, o homem de 25 anos que mora em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), e é autor de conteúdo neonazista, racista, xenófibo e misógino na internet.
Na última terça-feira (12), foram feitas buscas em quatro endereços de João Vítor. Ele tem perfis intitulados de "Maníaco" em redes sociais como YouTube, Deezer e Facebook. No Spotify, onde é verificado pela plataforma como "artista", João Vítor tem 4,4 mil ouvintes mensais e quatro álbuns com letras ostensivamente preconceituosas. Mulheres e negros são o principal alvo do perfil.
Um dos seus álbuns traz o lema de separatistas dos Estados da Região Sul, como "O Sul é meu país" e uma canção chamada "Ariano", que defende a pureza da raça ariana e critica a miscigenação. Um das canções do álbum "Incel pardo" faz referência explícita e positiva à violência contra a mulher. Em outra música, intitulada "Macumba", o autor deprecia nordestinos e religiões de matrizes africanas.
Segundo os investigadores, João e o jovem morador de Sobradinho fazem parte de uma subcultura virtual chamada incel, formada em sua maioria por homens heterossexuais racistas e misóginos, que não conseguem ter relações sexuais e amorosas e culpam as mulheres e os homens sexualmente ativos por isso.
O termo "incel" é um diminutivo da expressão "involuntary celibates", ou celibatários involuntários. Os "incels" entraram oficialmente para a lista de grupos radicais que disseminam discurso de ódio do Southern Poverty Law Center, entidade norte-americana que monitora grupos extreministas. Segundo a organização, os "incels" são uma nova forma de expressão de uma visão de mundo de supremacistas masculinos.
João Vítor foi liberado após interrogatório, em que negou participação no hackeamento da conta digital de Janja.
Janja diz que ataques rotineiros atingiram outro patamar
O ataque hacker contra Janja ocorreu na noite da última segunda-feira (11). Entre as publicações falsas, que começaram às 21h37 e incluem xingamentos e mensagens de cunho sexual, há frases como "Eu apoio o mensalão" e "Alexandre de Moraes é bandido".
Janja se pronunciou sobre a invasão e declarou que os ataques que sofre diariamente atingiram outro patamar, e que “a realidade é que a internet é um espaço potente para o bem e para o mal”.
“Eu já estou acostumada com ataques na internet, por mais triste que seja se acostumar com algo tão absurdo. Mas a realidade é que a internet é um espaço potente para o bem e para o mal. E é comprovado que nós, mulheres, somos as que mais sofrem com os ataques de ódio aqui nas redes. O que eu sofri ontem é o que muitas mulheres sofrem diariamente”, disse a primeira-dama em publicação no Instagram.
O Tempo
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