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Polícia conclui que Jéssica Canedo criou e divulgou montagem de conversa com Whindersson Nunes


[ALERTA: este texto aborda assuntos como depressão, o que pode ser gatilho para algumas pessoas. Se você perceber que está extremamente sobrecarregado, ansioso, depressivo ou pensando em se machucar, procure seu médico, psicólogo ou familiar e não esqueça do CVV - Centro de Valorização da Vida. Ligue 188.]

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu as investigações sobre o caso de suicídio de Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, após receber ataques por suposto affair com o humorista Whindersson Nunes. Segundo a assessoria de comunicação do órgão, o inquérito aponta que jovem foi instigada ao suicídio. As investigações revelaram que a própria jovem forjou as conversas e as enviou para as páginas de fofoca divulgarem. Os agentes informaram que, após terem acesso ao celular da jovem, notaram que ela havia criado a narrativa e realizado as montagens envolvendo o humorista.

Segundo a PCMG, as investigações sobre a morte de Jéssica, após comentários ofensivos nas redes sociais, foram concluídas com o indiciamento de outra jovem, de 18 anos, natural de Rio das Ostras, no estado do Rio. Por meio de levantamentos policiais, ela foi identificada e, com base nas apurações, indiciada pelo crime de instigação ao suicídio.

"As investigações sobre a morte de uma jovem de 22 anos, após comentários ofensivos em redes sociais, foram concluídas pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) com o indiciamento de outra jovem, de 18, natural de Rio das Ostras, no estado do Rio de Janeiro. Por meio de levantamentos policiais, ela foi identificada e, com base nas apurações, indiciada pelo crime de instigação ao suicídio", informou a assessoria da PCMG em comunicado enviado a Quem nesta quarta-feira (6).

"A vítima, natural de Araguari, região do Triângulo Mineiro, morreu no dia 22 de dezembro do último ano, após ingerir grande quantidade de medicamentos em sua residência. Ela chegou a ser socorrida e encaminhada ao hospital, mas não resistiu e faleceu dois dias depois da internação. Conforme apurado pela PCMG, a jovem passava por tratamento de depressão e, à época dos fatos, um conhecido perfil em rede social teria divulgado notícias falsas sobre o suposto relacionamento amoroso dela com um famoso humorista. O artista prestou depoimento à polícia e negou qualquer tipo de contato com a jovem. Após investigações, a Polícia Civil identificou a origem das notícias falsas, apontando a própria jovem como responsável pela divulgação do conteúdo a algumas páginas em rede social, por meio de perfis falsos criados por ela", informou a PCMG.

Entenda as investigações

As investigações apontaram que a própria Jéssica criou e divulgou conteúdos do suposto affair com o humorista Whindersson Nunes. Antes de tirar a vida, a jovem postou uma mensagem em sua conta no Instagram revelando que estava sofrendo ataques na internet.

"Durante as investigações foi apurado e concluído que todas as fofocas veiculadas pelas páginas foram criadas e divulgadas pela própria jovem. Ela fez toda a montagem e divulgou para as páginas de notícias sobre o seu relacionamento com o humorista", disse o delegado Felipe Oliveira Monteiro ao portal G1.

O delegado informou que Jéssica tinha depressão e estava em tratamento, como a família já havia afirmado. Ao todo, a jovem criou três perfis falsos. Nas conversas com as páginas, ela se passava por outras pessoas e dizia ter um "furo". Em seguida, enviava prints de uma suposta conversa entre ela e Whindersson.

Durante as investigações, as páginas de fofoca apresentaram conversas que tiveram com a própria Jéssica. Em uma delas, a jovem confirmou o envolvimento com o humorista, dizendo que realmente havia conversado com ele, no entanto, o conteúdo divulgado estava sendo distorcido. Já em outra troca de mensagem com uma das páginas, Jéssica nega o envolvimento com Whindersson Nunes.

Segundo a polícia, uma jovem de 18 anos, que vive na cidade do Rio das Ostras (RJ), está sendo indiciada por incentivar o suicídio de Jéssica. A responsável pelo comentário responderá em liberdade pelo crime de incentivo ao suicídio e, se condenada, pode ter de 2 a 6 anos de reclusão. O nome da jovem não foi divulgado pela Polícia Civil.

As páginas de fofoca que divulgaram a suposta relação da menina com Whindersson Nunes, como a Choquei, não serão indiciadas. Segundo o delegado, disseminar fake news ainda não é um crime no Brasil. Elas só serão investigadas por atentarem contra a honra, caso a família de Jéssica demonstre interesse, o que não aconteceu até o momento.


Relembre o caso

A morte de Jéssica foi comunicada por familiares no dia 22 de dezembro de 2023, e o sepultamento aconteceu na manhã do dia 23. Dias antes de morrer, a jovem publicou uma mensagem em sua conta no Instagram, revelando que estava sofrendo ataques na internet. Na ocasião, ela pediu a exclusão dos posts contendo os prints falsos que estariam indicando um relacionamento entre ela e o humorista Whindersson Nunes.

Ambos negaram a autenticidade das mensagens, alegando serem fake news, e afirmaram que não se conheciam. Em nota, a Nonstop Produções S.A., escritório responsável pelo gerenciamento de Whindersson Nunes, publicou o posicionamento do artista.

"Perplexo com o desencadeamento desse novo massacre público proporcionado pelo uso negativo das redes sociais, o artista lamenta: 'Estou extremamente triste. Voltei ao dia em que perdi meu filho. Que ninguém passe pela dor de enterrar um filho".

Antes de morrer, Jéssica publicou um texto afirmando que, por causa das fake news, estava sofrendo ataques pela internet. A família dela informou que ela já sofria de depressão.

À época, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, citou o caso da jovem para defender a responsabilização tanto de quem propaga conteúdos falsos como das empresas responsáveis pelas redes sociais.

"A irresponsabilidade das empresas que regem as redes sociais diante de conteúdos que outros irresponsáveis e mesmo criminosos (alguns envolvidos na política institucional) nela propagam tem destruído famílias e impossibilitado uma vida social minimamente saudável. Por isso, volto ao ponto: a regulação das redes sociais torna-se um imperativo civilizatório, sem o qual não há falar-se em democracia ou mesmo em dignidade. O resto é aposta no caos, na morte e na monetização do sofrimento", defendeu o ministro.

Revista Quem - Globo

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