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Vídeo mostra professor agredindo criança autista em escola: 'Não tinha noção da gravidade', relata mãe do aluno


Uma criança de 11 anos, com transtorno do espectro autista, foi agredida por um professor em uma escola na Zona Oeste do Rio. O caso foi revelado no Fantástico, da TV Globo, neste domingo, após a mãe do menino denunciar o episódio. A agressão aconteceu em setembro do ano passado e foi filmada por uma câmera da unidade. Nas imagens, é possível ver o momento em que o professor de capoeira dá uma rasteira no menino. O episódio aconteceu no Centro Educacional Meirelles Macedo, em Guaratiba.

Joyce Siqueira, mãe do aluno, conta que soube da agressão por meio de um funcionário do transporte escolar. Assim que Guilherme chegou em casa, a mãe conversou com ele e teve detalhes do que havia acontecido.

Segundo ela, a agressão aconteceu depois que Guilherme se envolveu em uma confusão com outros alunos durante a aula de capoeira. Por encontrar dificuldades para realizar um exercício, o professor orientou que ele usasse uma bola para treinar. Ao pedir o objeto para as colegas, elas se recusaram a entregar, e Guilherme chutou a bola, irritado, o que desencadeou uma briga entre ele e outros alunos.


Durante a confusão, uma aluna jogou a bola em direção a Guilherme e, em seguida, os alunos começaram a brigar. Depois de trocarem empurrões e tapas, o professor interferiu e conversou com Guilherme no canto da sala. As imagens mostram o momento em que o menino dá outro chute na bola, e o professor reage dando uma rasteira na criança e a jogando no chão.

— Ele me disse que o professor bateu nele, deu uma rasteira e o derrubou no chão. Ele ainda relatou que o professor disse que, se ele fizesse isso de novo, “ia me meter a porrada”. O Guilherme deitou no chão e fez os gestos mostrando como foi. E eu não tive dúvidas de que aquilo aconteceu, mas não tinha noção da gravidade — contou Joyce.

Após o episódio, o aluno foi suspenso por dois dias, sob a alegação de que havia desrespeitado o professor e agredido fisicamente os colegas. No mesmo dia, Joyce escreveu para a coordenação da escola pedindo acesso às imagens. Na mensagem, ela fala sobre a agressão e descreve o episódio como "inadmissível".

“Meu filho, devido ao TEA, não é uma criança fácil, sabemos disso, mas eu não passo a mão na cabeça dele. Estou sempre conversando e tentando corrigir seus comportamentos inadequados/disruptivos, sempre trabalhando em parceria com a escola, como você bem sabe. No entanto, muito me surpreende esse comportamento agressivo partindo de um professor, que tem um cérebro maduro, que trabalha com crianças e, por isso, deveria ter o mínimo de controle emocional e estar preparado também para trabalhar a inclusão dentro do esporte”, escreveu ela.

Apesar do apelo, Joyce conta que só conseguiu uma reunião na escola cinco dias após a agressão. Segundo ela, foram cerca de seis meses até que a escola liberasse o acesso às imagens filmadas na sala de aula, durante uma audiência judicial.

O caso foi registrado na polícia para apurar os crimes de "vias de fato" e "ameaça". A investigação foi concluída pela 43ª DP (Guaratiba) e o caso foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal.

Em nota enviada ao Fantástico, a defesa do professor afirmou que o profissional fez uma 'intervenção" que "consistiu em uma técnica de imobilização, aplicada com o único objetivo de impedir novas agressões, em ambiente apropriado e seguro — revestido integralmente por tatames, o que garantiu que a criança não sofresse qualquer tipo de lesão".

O Centro Educacional Meireles Macedo afirmou que o professor não faz mais parte do corpo docente da escola e que “todas as medidas legais necessárias foram providenciadas”.

Veja nota:

Ao longo de sua trajetória, a escola consolidou-se como um espaço educacional inclusivo, comprometido com o desenvolvimento integral dos estudantes, através de um ambiente acolhedor, respeitoso e estimulante.

Em relação ao episódio envolvendo o professor, esclarecemos que, tão logo que a instituição tomou ciência do ocorrido, o professor deixou de fazer parte do nosso corpo docente, por entendermos que a conduta adotada era incompatível com os princípios pedagógicos. Além disso, todas as medidas legais necessárias foram providenciadas.

Reafirmamos nosso compromisso com a segurança, o respeito e o bem-estar de todos os estudantes, valores que são inegociáveis e que norteiam nossa prática pedagógica. Condutas que contrariem esses princípios não são toleradas e são tratadas com a seriedade que o contexto exige.

A escola permanece à disposição das famílias para quaisquer esclarecimentos, reforçando a importância do diálogo e da parceria entre instituição e responsáveis na construção de um ambiente educacional seguro e acolhedor para todos.

O Globo

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